Mercado Negro

Mercado Negro

O Mercado Negro situa-se no interior do Bosque da Colina, numa área de árvores em decomposição e charco fétido, encontrando-se em todos os lugares e em lugar algum; somente os detentores de más intenções são capazes de encontrá-lo, devido ao antiguíssimo feitiço, lançando por seus fundadores, que o resguardava; os que se aproximavam das imediações, mas não atendiam aos requisitos para adentrá-lo, simplesmente rememoravam-se de um compromisso ou tinham suas trajetórias desviadas imperceptivelmente. Os que encerram sordidez suficiente ─ e audácia ─ devem se submeter à rigorosa vistoria de um homem que se cingia, sempiternamente, com um manto negríssimo que se desdobrava pelo chão ─ ninguém tem ciência de sua face, de seu nome e de sua voz, chamavam-no d’”O Guardião” e diz-se que acastela o Mercado desde sua fundação; o protetor selava um Voto Perpétuo (em que os visitantes juravam sigilo e taciturnidade) com todos aqueles que entravam e, só então, o Mercado tornava-se visível. O Portão Sombrio fora concebido pela justaposição de vários ferros, que se entrelaçavam resultando num rosto de aspecto tenebroso, desgastado pelo tempo e assolado pela ferrugem, e sustentava-se devido a um extenso muro de tijolos à vista, que se estendia interminavelmente; atravessando-se o portão, depara-se com uma bifurcação de ruas de paralelepípedos saltados, com plaquetas surradas onde se lia, em grotescas letras garrafais, o nome dos estabelecimentos e suas localizações. Uma grossa neblina predominava permanentemente sobre a cidade, devido aos muitos dementadores que resguardavam os muros (famintos devido à escassez de sentimentos felizes na localidade). Enquanto alguns estabelecimentos possuíam vitrines opacas e fachadas surradas, outros esbanjavam imponência e notoriedade (cujos proprietários eram célebres difusores das trevas), mas todos comercializavam produtos ilícitos: partes humanas e animalescas, produtos para o fomento de venenos e outras Poções proibidas, animais mágicos das trevas, ovos de acromântula, ovos de quimera, veneno de basilico e demais artigos não-comerciáveis (tipos A e B). Encontram-se todos os tipos de pessoas nas imediações: desde jovens fascinando pelos artigos das trevas até idosos praticantes e adoradores das mais diversas artes tenebrosas ─ no entanto, nenhum era detentor de boa índole; assim como muitas espécies animalescas adventícias, ocultas na rede de esgoto ou nos becos sombrios formados entre as lojas. Mediante as historietas que o local sustenta, aqueles que prezam por sua idoneidade evitam até mesmo mencioná-lo abertamente.

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